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Nó Tático

Luiz Carlos Carioca: “Aceitação foi fundamental para que o trabalho fluísse”

Em entrevista exclusiva à coluna, o técnico campeão do Candangão mostra gratidão ao Gama e vontade de seguir com trabalho

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Grande história da competição, Luiz Carlos Souza fez justiça ao escrever o desfecho da história do Candangão 2025. Elogiado nas palavras escritas e ditas desta colunas e demais programas da Esportes Brasília, o técnico foi parte fundamental do 14º título candango da Sociedade Esportiva do Gama, neste sábado (29/03).

A seguir, Carioca conta, em nota exclusiva à Coluna Nó Tático, a trajetória no campeonato distrital de maneira pessoal. Conheçamos, na pessoa do treinador campeão, a história do Candangão 2025:

Pode nos contar como aconteceu a reviravolta da saída do Samambaia ao título com o Gama?

A saída eu considero de uma forma tranquila. São coisas que acontecem no futebol, a gente não fica feliz, mas são situações que acontecem. Eu brinco até com as pessoas, quando me perguntam sobre esse episódio de que “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. O grande problema é que às vezes eu não tenho juízo. Eu sou bastante tranquilo com isso, sou paciente. Eu costumo aceitar as pessoas como elas são, mesmo quando isso não é do meu agrado. E, sinceramente, coração não existe nenhum sentimento de revolta ou de revanche. Isso é esporte, isso acontece, daqui a pouco, você tá de volta trabalhando de novo e é vida que segue.

Você relatou que todos no Gama receberam o senhor muito bem. Isso fez diferença para que o trabalho não fosse de apenas um jogo, como poderia ter sido na última rodada da primeira fase?

A aceitação foi fundamental pra que todo nosso trabalho fluísse. Não só aceitação como pessoa, mas aceitação como proposta de trabalho. Se você comanda um grupo e esse grupo não compra a tua ideia, a coisa não vai acontecer. E lá, pela educação e pelo comprometimento dos atletas, ficou fácil trabalhar, cara, porque tudo que eu pedia eles prontamente tentavam fazer e eu tenho um jeito de trabalhar que eu acho que ajuda muito porque o tempo todo eu debato com os atletas aquilo que é melhor para ser feito, entendeu? Então, nessa situação eu fiz uma proposta, eles aceitaram e nós treinamos isso, batemos em cima daquilo que tinha que ser feito, repetindo várias vezes e teve uma boa aceitação. Eles entenderam, compreenderam aqui que eu estava propondo. Eu acho que um time como o Gama, que tem uma torcida grande, apaixonada, muito vibrante, você tem que jogar de acordo com o que a torcida pede. Então, você tem que ser agressivo e intenso o tempo todo. Eles compreenderam isso e nós conseguimos chegar a esses resultados que deixaram a todos felizes.

Agora com o título, quais são os planos? Será técnico do Gama em 2026?

Eu não sei o que vai acontecer. Certamente haverá uma conversa, existe interesse de ambas partes: eu quero continuar e eles querem que eu continue, então é questão de sentar, acertar, né? Ver os detalhes para que a gente faça um trabalho bem planejado, bastante consistente, porque no ano que vem aumenta a responsabilidade. A torcida é vibrante, mas é uma torcida de muita cobrança, então a gente tem que ter os pés no chão, tem que ser muito consciente daquilo que vai fazer. Nós temos tempo pra isso, escolher a dedo os jogadores que encaixem no perfil do Gama para que a gente consiga no ano que vem com calendário extenso. E que a gente consiga ter resultados também, o elenco não pode ser pequeno, tem que ser qualificado. Você vê times que esse ano jogaram quarta, domingo, quarta, domingo. Não tem elenco que aguente. São um monte de detalhes que a gente vai tentar após o acerto: é fazer um planejamento para que tudo dê certo no ano que vem, mas não tem nada batido, em termos de martelo. Existe interesse de ambas partes para que a gente continue o trabalho no ano que vem.

De onde veio a ideia de liderar a equipe na saída para o campo? Era uma primeira carta de postura contra o Capital?

A temática da nossa motivação desse ano foram falas do Imperador Júlio César, das conquistas, de como ele fez. Eu acho que a liderança é fundamental, principalmente nos esportes coletivos. Ali, por coincidência, eu queria entrar com meus netos em campo, então acabei fazendo as duas coisas ao mesmo tempo. Eu acho que ficou bastante simbólico tanto na questão familiar quanto na liderança, de puxar o grupo. Mostrar que nós estamos unidos, que estávamos pensando a mesma coisa, com os mesmos interesses. Foi uma coisa que repercutiu bastante, foi muito legal e deu resultado. Eu sempre falo que no futebol só é certo aquilo que dá certo. Isso deixa a gente bastante orgulhoso. Estou muito feliz com a recepção, com o carinho do grupo, da direção e da torcida. Está sendo muito legal essa passagem, eu espero que a gente continue trabalhando desse jeito. Precisar liderar mais uma vez, a gente vai liderar porque é a característica, de fazer esse tipo de ações para que a gente consiga obter os resultados.

Onde fica o Candangão 2025 na vida e na carreira do senhor, no grau de importância?

Paulo, essa última pergunta eu tenho que começar com o seguinte: cara, eu não sei como irei agradecer a Deus pelas coisas que aconteceram na minha vida e pela forma como aconteceram. Mas eu te confesso que meu plano, já de um ano e meio, dois anos, era justamente pegar um time, qualificar e tentar chegar ao final do calendário. Eu cheguei bem próximo com o Paranoá, com o Brasília fui duas vezes vice-campeão, fui campeão da Copa Verde, tem outras boas apresentações pelo caminho. Na segunda divisão com o Real, também com o Luziânia, na Série D. Mas, assim, meu planejamento era pegar um time, classificar, ser campeão, colocar calendário e disputar as competições nacionais de uma forma literalmente competitiva. De igual pra igual, montar um time. Cara, graças a Deus aconteceu e eu vou te falar: eu acho que aconteceu no lugar certo. Eu não tinha dimensão do que era a torcida do Gama e agora que estou dentro, estou vendo que é fenomenal, é um negócio absurdo. Então, essa conquista pelo Gama, da forma que foi, com certeza é a maior conquista que eu já tive dentro do esporte. Da forma que aconteceu, com esse calor humano todo, com esse apoio… Fundamental na minha vida e na minha carreira.

Narrador Esportes Brasília desde 2022; Currículo com duas Supercopas do Brasil e uma Copa do Mundo, além de extensa cobertura do futebol, futsal e basquete da capital federal; Colunista EB no Nó Tático e apresentador do Segundou Esporte Clube, às segundas-feiras.