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Nó Tático

Steve Cooper, meu perfil de técnico

Escrito em

Paulo Martins

Eu deveria escrever isto um pouco antes, mas vale considerar a intertemporada europeia para falar de um nome crescente no futebol inglês: Steve Cooper. O técnico do meu único time europeu, o Nottingham Forest, é um nome que deve sair na boca dos fãs de futebol em breve. Espero que o nome do Forest também.

De início, suspeitei do nome dele, após suceder Sabri Lamouchi, que foi eliminado nos playoffs de acesso para a Premier League, de forma dolorosa. No entanto, em sua primeira experiência profissional no futebol inglês (tendo treinado as bases da seleção inglesa, do Liverpool e o profissional do Swansea, de seu país natal), o galês foi o responsável por subir o Nottingham Forest para a primeira divisão após 22 malditos anos longe da principal liga de futebol do mundo.

A minha história com o Forest começou de uma forma que não entendo. A história de Robin Hood me é uma utopia sensacional, Bruce Dickinson nasceu em Nottingham, o time homenagea o herói gaúcho e italiano Giuseppe Garibaldi (e pelos “maglie rosse” o time joga de vermelho) e o perfil de Brian Clough deixa qualquer um curioso por futebol surpreso: de time da segunda divisão a bicampeão da Champions em quatro temporadas. É simplesmente fantástico. Inexplicável. E uma árvore como escudo é uma gigante bandeira por si só.

Na quarentena total, fiz algo parecido com Brian Clough e abri uma carreira no videogame como técnico do Forest, na Championship, levando ao “tricampeonato” da Europa. Apenas. Depois disso voltei para a América do Sul para treinar o Lanús. Insólito. Tão improvável quanto o Forest subir, já que sempre batia na trave. Sabri Lamouchi foi uma decepção amorosa, com certeza, visto que chegamos a ser vice-líderes naquela edição 20-21.

Depois de perder Tobias Figueiredo, Ryan Yates e outras peças do elenco, o clima era de descrença total. O começo reforçou essa ideia, ficando abaixo do Derby County, rival que seria rebaixado depois. A arrancada a partir das mãos de Cooper foi espetacular, rodada após rodada, impulsionada pelas eliminações impostas ao Leicester (4-1, de virada) e ao Arsenal (2-0), na Copa da Inglaterra, caindo apenas nas quartas de final contra o Liverpool.

Perder o confronto direto para o Bournemouth na antepenúltima rodada por 1-0 me fez questionar: “sem subir denovo?…” Playoffs, novamente. Daí a inteligência de Steve Cooper contrastava com o time que não tem um elenco de Premier League nem aqui nem em lugar nenhum.

Esse contraste se faz notar quando você vence o Sheffield United fora de casa por 2-1 e perde no City Ground por 1-0. Pênaltis, Brice Samba (sentiremos saudade do goleiro franco-senegalês, que cruzou o Canal da Mancha para defender o arco do Nantes a partir de agosto), vamos a Londres.

Um gol contra. Sofrido. Exagerado. Batemos o Huddersfield por 1-0. We are Premier League. Again. Mas demorou para ser da primeira denovo. E como. No calendário da temporada recém-encerrada e no século XXI, que terá dois bicampeões europeus jogando a Premier League juntos pela primeira vez: Forest e Chelsea.

Vejo esta era como uma renascença para o futebol inglês: novos técnicos, novas ideias próprias, novos jogadores. As campanhas da Copa do Mundo de 2018 e da Eurocopa de 2021, mesmo sem título, mostra uma Inglaterra diferente. Quem sabe Gareth Southgate não faça dessa seleção campeã no Catar? Impossível não é. Vale observar.

Recomendo observar Steve Cooper à parte. Meu tipo de técnico ideal: o resiliente, o calmo, o modesto. E qualquer comparação com um recente bicampeão da América é mera coincidência. O sonho do Forest existe. Quem viver, poderá ver. Quem sabe haja algo de Mostaza Merlo (campeão argentino em um Racing falido, depois de 35 anos de seca) no técnico dos Tricky Trees.

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