Nó Tático
Saída de Dudu pod(ia) findar ciclo vencedor do Palmeiras
Escrito 6 meses atrás em
Por Paulo Martins
Este texto foi redigido com título e texto após a confirmação da venda de Dudu, pelos diretores de Palmeiras e Cruzeiro. A atualização se deu após o inesperado desfecho depois de dois dias da transferência anunciada pelo time mineiro.
FÉ DE ERRATAS: Até para sair um pouco do marasmo e da insignificância da temporada nacional do Distrito Federal em 2024, vale falar sobre essa notícia, que mexeu com o fim de semana do futebol no Brasil. Depois de oito anos e meio, Eduardo Pereira Rodrigues, alias “Dudu”, deixava o Palmeiras, clube mais marcante de sua carreira.
Foram quase 400 jogos, uma Copa do Brasil, quatro Campeonatos Brasileiros e uma Copa Libertadores. Também teve polêmicas relacionadas à quebra desse período, em 2020, quando foi emprestado ao Oriente Médio enquanto se investigava uma suposta agressão à mulher.
Vindo de um período sofrido, o clube paulista superou a maior crise da história, tendo retornado da Série B, em profundos problemas financeiros de gestões incompetentes e quase voltando ao descenso no ano de seu centenário. Um novo camisa 7, disputado pelos rivais, se tornaria símbolo de novos dias em Palestra Itália. Curiosamente, a saída de Dudu foi tão repentina e bombástica quanto sua chegada.
Até mesmo com o arquirrival, Corinthians, se podia fazer referências à perda de um ícone da era mais vitoriosa do clube. Cássio saiu também para o Cruzeiro, deixando para si a derrota no arco para Carlos Miguel, que logo saiu. Dudu, que volta de lesão grave, claramente não teria espaço com Luis Guilherme, também vendido para o mesmo West Ham inglês, destino do arqueiro titular corintiano.
Tudo isso era fato, até que o próprio desmentisse os fatos nas redes sociais e o clube Celeste desistisse da contratação de sua ex-joia. É um marco histórico: da indecisão do ponta, abre-se um precedente político que abrem o episódio-chave da prévia das eleições da instituição. Dudu, sem saber e sem querer, revelou uma versão palestrina de House Of Cards: “House Of Porcos”.
A suposta dificuldade de contratar para repor é algo incomum de equipes de massa como os rivais paulistanos. Vender, independente da fase, é fácil, sobretudo em tempos que se toma para si, sendo gestor, partes das enormes cifras envolvidas em transações: tudo bem vender por um centavo mas não reajustar “nem um centavo de salário”. Ah, sendo uma lenda do clube ainda por cima. Nada mais importa.
Isso reforça a ideia da mercadologia pesada que se tornou o futebol, superando a história e as insígnias. Entre tantos malefícios desta nova ordem, impera também o figurar exacerbado de diretores, presidentes, mecenas e cartolas que, ao sair à imprensa com palavras toscas, reduzem a nada os sentimentos da torcida e o contexto construído acerca do mais popular esporte do planeta.
Movimentações desta natureza seguem a fragilizar a imagem de Leila Pereira como mandatária atual da instituição. Com ídolo se renova e com uma camisa pesada não se brinca. Leila se crê invencível, e sua falta de temor e sua sobrada soberba – não condizentes com a Sociedade Esportiva Palmeiras – podem fazer sua usurpação do clube cair por terra. Ou distanciar-se, de avião, do bairro da Barra Funda.
Agora, com um pretexto (para não dizer bola-fora) mais, a corrida eleitoral na Academia de Futebol. A dona da “toda-poderosa” Crefisa terá de fazer um movimento inédito em seu mandato para mantê-lo. Ao contrário do que pensam, não há unanimidade e, por inacreditável que possa ser aos alheios, o melhor para o Palmeiras é a saída de sua primeira presidente.
Narrador Esportes Brasília desde 2022; Currículo com duas Supercopas do Brasil e uma Copa do Mundo, além de extensa cobertura do futebol, futsal e basquete da capital federal; Colunista EB no Nó Tático, às segundas-feiras.