Nó Tático
Para ter bom futebol, é preciso ter lugar onde seja confortável jogar
Condições de jogo interferem diretamente no produto do futebol candango, no cenário local e nacional
Escrito 6 meses atrás em
Por Paulo Martins

Passada a primeira rodada do Candangão e pensando nos estereótipos típicos dos estaduais, de situações complicadas para o jogo, um cenário específico me tocou o pensamento e não posso deixar de falar dele. As condições de clima afetam muito o enredo de qualquer partida de futebol, isto em qualquer partida ao redor do mundo.
Para não ir tão longe, como não esquecer a água e a complicação que foi acompanhar cobrir e – imagino para os atletas – jogar no Capital 1×0 Gama de 2023? Título de bastidor: Rener Lopes foi operador neste dia e a transmissão caiu “misteriosamente” no intervalo justamente para que se pudesse levar o aparelho de transmissão a um lugar mais seguro e a partir dali devolver a capacidade de levar o futebol pelo rádio sem que se perdesse equipamento. Outros companheiros de imprensa não tiveram a mesma sorte.
Na semana passada, esta coluna escreveu sobre o bom futebol médio que se viu nos campos na rodada de abertura do Distrital. Não por acaso, o principal jogo da data foi disputado no empate sem gols entre Gama e Sobradinho. É verdade que a melhora do gramado do Bezerrão contribuiu, mas, o clima mais tranquilo, ameno, sem o sol que castigou horas antes o Paranoá x Legião no Defelê, por exemplo, fez toda diferença.
Uma novidade do Candangão a partir desta passada segunda rodada são os jogos às 11h. Cobri ambos: a vitória do Brasiliense, no sábado (25/01), e o triunfo do Paranoá sobre o Sobradinho, no domingo (26/01), ambos na Vila Planalto. Vale lembrar, que o estádio em questão não tem iluminação, a exemplo do Abadião. As demais três casas do distrital têm iluminação: Bezerrão, Serejão e JK. O calor foi claro determinante que prejudicou o desempenho do segundo jogo, inclusive em relação ao apresentado por ambos na primeira rodada.
Quem jogou com condições extremas a “seu favor” foi o Ceilândia, em 2023. Incluindo a história de “jogar no deserto”, o calor e seca do inverno foram fatores extra para que o Gato Preto tivesse boa campanha como local na tentativa de acesso da Série D para a Série C. Por mais que fizesse parte do contexto da campanha, sendo atraente para o enredo, me imagino o insalubre que devia ser aos jogadores pela temperatura corporal, obviamente maior em comparação a quem estava nas arquibancadas ou nas tribunas do Maria de Lourdes Abadia. Talvez coisa que não fosse justificada pelo salário em questão.
Há quem possa dizer que “pelo verão, não tem como evitar o calor”. De fato, não, uma vez que foi presente em todos os jogos da rodada. Agora, no verão o sol também se põe mais tarde: por que ainda teremos jogos 11h e 15h, 15h30? Não falo nem por mim, que trabalha. Pra quem trabalha, é problema de cada um. Agora, isto afasta torcedores, marcas e atletas do futebol daqui.
Com tudo isso, o esforço de organização geral tem que ser feito para que se tenha condições básicas que alguém não passe mal trabalhando, jogando ou assistindo os jogos. Isto não apenas para o estadual, mas para as competições nacionais. Mais que uma cooperação, trata-se de um feito para que todo o produto do futebol candango seja melhor. Isto claro, tão logo seja desejado esse objetivo.
Narrador Esportes Brasília desde 2022; Currículo com duas Supercopas do Brasil e uma Copa do Mundo, além de extensa cobertura do futebol, futsal e basquete da capital federal; Colunista EB no Nó Tático e apresentador do Segundou Esporte Clube, às segundas-feiras.


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