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Nó Tático

O turco e o português

Escrito em

Paulo Martins

Dois dos times mais competitivos do continente se enfrentarão em um choque interessante a partir do dia 3 de agosto, sobretudo com seus técnicos. Um dos duelos mais aguardados das quartas de final da Libertadores reserva nada mais nada menos que um Atlético Mineiro e Palmeiras.

O atual bicampeão da América fechará a série em São Paulo frente ao atual supercampeão do Brasil, que tudo ganhou em nacionais na temporada de 2021. No entanto, o destino do Porco e do Galo se cruzam neste ponto interessante e com ares de clímax em pleno agosto, mesmo com a temporada encerrando-se antes, devido à Copa do Mundo.

O Palmeiras, que até a presente data anotou incríveis 100 gols no ano (nem todos pela temporada 2022, considerando os três tentos anotados no Mundial de Clubes 2021), se vê em estranha fase: algumas crises internas com questionamentos à presidência, a ausência de um centroavante pela baixa efetividade de Rafael Navarro e Rony sendo improvisado (ainda assim superando, em gols, Pelé e Zico na competição continental!), e as infecções por covid da mente brilhante à beira do campo (Abel Ferreira) e dentro do meio de campo (Raphael Veiga) foram fatores que atrapalharam o verde.

No Mineiro, o elenco se mantém, reforçando-se com alguns nomes, para o segmento da temporada, como Jemerson e Cristian Pavón (visto que Diego Godín pouca saudade deixa e já veste as cores do Vélez, que também jogará as quartas da Libertadores). Porém, a fase do Atlético pode se resumir a um nome em isolado: Antonio Mohamed. “El Turco”, sem sombra de dúvidas, não tem a mão do time como Cuca tinha em 2013 e em 2021. O Atlético se fez praticamente invencível nas mãos do técnico que também jogou e foi campeão comandando o Palmeiras.

E nos técnicos, mais do que nunca, se vê o cenário-chave para este confronto. Um dos dois vai balançar seriamente se for eliminado. Nem que o técnico que avançar perca para Athlético-PR ou Estudiantes. Isso é porque não falamos de um clássico: Palmeiras e Atlético-MG têm torcidas amigas. Boa parte dos atleticanos torceu pela vitória do alviverde paulista na final de Montevidéu, mesmo depois do Verdão o haver eliminado. Soa insólito, mas é o futebol.

O “turco” (visto que na Argentina, país natal de Mohamed, efusivo “hincha” do Huracán, qualquer descendente de libanês, sírio, árabe ou “agregados” são chamados de “turco” porque sim) e o português devem enfrentar este jogo como o ponto de virada da temporada. Claro que Abel já é ídolo e Antonio não é unanimidade. Daí o tempero do jogo. Na última oportunidade, daquelas intermináveis semifinais do ano passado, o cenário era reverso: Cuca rumava a ser campeão de tudo e Abel era contestado (como sempre, sobretudo pela imprensa).

Etnicamente, turcos e portugueses têm, estereotipadamente, um bigode. Mas apenas este turco e este português têm nas mãos um Atlético com Hulk, Nacho Fernández e Éverson e um Palmeiras com Rony, Dudu e Raphael Veiga. Deverá ser um confronto apertado, dos que fiquem para a história e dos que não há zebra, pois são Palmeiras e Atlético Mineiro, a partir da terceira década deste século: um semi-clássico saudável, onde vive o futebol.

Excepcionalmente publicada, esta semana, nesta quinta-feira (21.07). A coluna vai ao ar, normalmente, às segundas-feiras.

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