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Vôlei

Qual o futuro da seleção feminina de vôlei?

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A fase classificatória da Superliga feminina termina nesse final de semana, e na edição mais disputada em anos, apareceram gratas surpresas. Esse é um ano que o voleibol feminino do Brasil vai passar por algumas mudanças significativas, após perder nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016 para a seleção chinesa, que viria se sagrar campeã do torneio, nas quartas-de-final.

Diferente da seleção da masculina onde o técnico Bernardinho anunciou a saída da equipe, a Confederação Brasileira de Voleibol confirmou a permanência do técnico José Roberto Guimarães a frente do time feminino. Na contramão do treinador, algumas jogadoras já anunciaram que não vão mais defender a seleção: caso de Fabiana e Sheilla, além da líbero Camila Brait, que depois do corte ocorrido antes do inicio da Olimpíada, já havia anunciado a aposentadoria da seleção.

Tendo em vista o atual cenário, a renovação é um caminho sem volta. A Superliga tem papel fundamental para revelar novas jogadoras para o voleibol brasileiro. “Ela tem essa importância, ao longo desses anos, desde que eu treinava a seleção feminina. Com um trabalho sério, envolvendo a base, para fazer desenvolvimento do esporte. O torneio está no vigésimo ano, sempre fornecendo jogadoras pra seleção brasileira“, ressaltou o técnico Bernardinho, que comanda a equipe do Rio de Janeiro.

Bernardinho comanda o Rio de Janeiro e deixou o comando da seleção brasileira de vôlei - Foto: Felipe Costa/Ponto Marketing Esportivo

Bernardinho comanda o Rio de Janeiro e deixou o comando da seleção brasileira de vôlei – Foto: Felipe Costa/Ponto Marketing Esportivo

A atual edição vem revelando nomes interessantes que podem ser aproveitados na seleção brasileira neste novo ciclo olímpico. A jogadora Rosamaria é uma delas. A oposta de 22 anos foi campeã mundial sub-23 com a seleção brasileira na Turquia em 2015. A revelação do Minas é a terceira maior pontuadora do torneio com 303 pontos e vem sendo fundamental para a equipe mineira na competição. “Ela vem mostrando uma versatilidade muito grande. Desde que eu mudei a posição dela pra ponta, conversei com ela obviamente, ela tem outros objetivos de seleção brasileira”, ressaltou Paulo Cuoco, que é técnico do Minas e é o auxiliar técnico do Zé Roberto na seleção brasileira.

A mudança de oposta pra ponteira veio justamente pensando em ser aproveitada pela seleção. “A nível internacional a altura dela para uma oposta talvez não seja o ideal, então a mudança abre um leque importante de possibilidades do futuro da carreira dela. É muito importante, não só para a nossa equipe, como para o voleibol brasileiro ter mais jogadoras nessa posição, que hoje é a grande carência mundial”, completou o treinador da equipe mineira.

José Roberto Guimarães terá o trabalho de definir o futuro da seleção brasileira de vôlei feminino - Foto: Gaspar Nóbrega/Inovafoto

José Roberto Guimarães terá o trabalho de definir o futuro da seleção brasileira de vôlei feminino – Foto: Gaspar Nóbrega/Inovafoto

Marcos Kwiek, técnico da equipe de Bauru, tem uma vasta experiência quando o assunto é seleção nacional. O técnico foi auxiliar de Zé Roberto na seleção brasileira de 2003 a 2007 e depois assumiu o comando da seleção dominicana onde permanece até hoje.

Para ele, o segredo da renovação está na mescla entre as remanescentes com a juventude. “A equipe vai passar por uma fase de reconstrução, tem que ver das jogadoras que vai permanecer do outro ciclo, tem que ser muito pontual. Existem jogadoras bem interessantes nessa superliga, algumas novas estão tendo a oportunidade de jogar”, afirma o treinador da equipe paulista.

O técnico que levou a seleção da República Dominicana ao melhor resultado em jogos olímpicos – quinto lugar em Londres 2012 – ressalta a diferença entre jogar a Superliga e o nível do vôlei internacional. Mas que, se tem um momento para as mudanças, esse momento é agora. “O nível da superliga não é o mesmo, mas esse é um ano interessante pra isso, colocar as meninas pra ganharem rodagem internacional. Mas não pode ser radical, porque senão acaba prejudicando as jogadoras, tem que inserir aos poucos, sem queimar etapas para que a reconstrução venha gradualmente”, explica o treinador.

Uma das remanescentes que pode ter papel importante nessa reconstrução é Jaqueline. A bicampeã olímpica, ao contrario das companheiras de time, não descarta retorno à seleção e se coloca à disposição de Zé Roberto. “Eu não gosto de falar de aposentadoria, muita gente me pergunta. Eu estou deixando a vida me levar. As meninas (Sheilla e Fabiana) tomaram a decisão delas, mas eu não tenho plena certeza se é isso mesmo que eu quero. Se eu não for convocada, tudo bem, mas à disposição eu sempre estarei”, afirmou a jogadora, que hoje defende a equipe do Minas na Superliga.

"Sempre estarei à disposição", garante Jaqueline, do Minas Tênis Clube - Foto: Orlando Bento/Minas TC

“Sempre estarei à disposição”, garante Jaqueline, do Minas Tênis Clube – Foto: Orlando Bento/Minas TC

Só saberemos o planejamento da comissão técnica do José Roberto Guimarães quando sair a primeira convocação da seleção pós-olimpíada. Com varias jogadoras bicampeãs olímpicas se despedindo, o futuro da seleção acaba sendo incerto. Será que as jogadoras que chegarem vão conseguir manter o mesmo nível?

A Superliga Feminina termina no dia 23 de abril e a lista de convocadas sai na semana seguinte a final. Até lá, tudo fica no campo da especulação.

Ana Paula Freire é formada em jornalismo pela Universidade Católica de Brasília e tem na bagagem a cobertura dos Jogos Olímpicos de Londres 2012.

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