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De Olho nas Olimpíadas

Pressão psicológica dos atletas x Rendimento

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Esta coluna é publicada sempre às segundas-feiras. Excepcionalmente, nesta semana, ela vai ao ar na quinta-feira.

A menos de cem dias dos Jogos Olímpicos Rio 2016, certamente a ansiedade faz parte da expectativa dos atletas olímpicos na contagem regressiva para o início das competições.

Essa é uma questão de grande relevância, que não deve ser descartada em eventuais derrotas ou desclassificações. Psicólogos apontam a pressão psicológica como um importante influenciador do comportamento do atleta durante a competição. Importante ressaltar que o comportamento humano é extremamente complexo e inúmeros fatores podem influenciar a performance de um atleta em momento decisivo.

Com certeza haverá grande expectativa com relação aos nossos atletas, principalmente por ser a primeira vez que os Jogos Olímpicos ocorrerão em solo brasileiro. E essa expectativa de alta performance em eventos esportivos mundiais tão competitivos, gera tensão nos competidores. No entanto, essa tensão bem administrada é normal e pode favorecer o atleta na corrida por uma medalha. A intensidade vivenciada pelo atleta é individual e cada um responde de maneira diferente. A pressão para uns gera insegurança e estresse devido à grande liberação de hormônios, enquanto que para outros gera maior confiança e desafio.

Estudos apontam que o acompanhamento psicológico do atleta é importante não somente durante as competições, mas também durante todo o tempo de treinamento e preparação. É claro que talento e potencial são fundamentais, mas saber equilibrar as emoções e lidar bem com os momentos decisivos pode ser um grande diferencial que levará o competidor à vitória ou à derrota.

O atleta precisa manter seu equilíbrio emocional quase como se estivesse blindado, e isso também faz parte de treinamento. Um bom acompanhamento psicológico ao atleta irá ajudá-lo a ficar mais confiante e consciente de que chegou ao topo por esforço e merecimento, portanto, se sentirá mais seguro e preparado nos momentos decisivos.

Medo e Ansiedade
O medo do fracasso é tido, na literatura, como um dos temores mais gerais na prática esportiva, podendo ter distintas causas, como falta de confiança nas próprias capacidades e habilidades, ou medo da repercussão do fracasso, como castigos, afastamento da equipe, punições, perda de patrocínio, entre outras.

Segundo Lazarus (2000) em situações competitivas a ansiedade pode estar presente no desempenho, visto que, o atleta ao comparar seu desempenho com outros atletas pode sentir-se incapaz, ou por não possuir os recursos técnico-táticos, físicos e psicológicos necessários para enfrentá-lo.

Ao falarmos em desempenho esportivo, deve-se levar em consideração a relação entre as emoções e rendimento esportivo, que não pode ser tratada de forma simples por ser um tema complexo. Deve-se levar em conta variáveis como influências ambientais (sociais, políticas e econômicas) e as inerentes ao indivíduo como crenças e valores. É a relação do atleta com essas variáveis que irá determinar a emoção vivenciada por ele e que consequentemente irá afetar seu rendimento positiva ou negativamente. A confiança no talento e no potencial próprio é fundamental para a vitória.

Preparação física e mental
O período de aquecimento antes de competições, além de preparar o corpo para evitar lesões, pode ser de grande ajuda psicológica pois contribui na concentração, foco de atenção e no desempenho; defendem os psicólogos esportivos.

Muitos atletas gostam de usar a imaginação para visualizarem-se no ambiente perfeito e obtendo o resultado desejado. A imaginação é uma poderosa técnica já que o cérebro interpreta os cenários imaginados de forma literal (como se na verdade estivessem acontecendo), tendo um impacto direto no reforço de variáveis psicológicas como a confiança.

Memória olímpica
Durante os Jogos de Londres 2012, duas das nossas maiores esperanças de medalhas olímpicas, as atletas de atletismo Maurren Maggi, no salto em distância e Fabiana Murrer, no salto com vara, foram eliminadas ainda na fase de classificação. Na ginástica, Diego Hypólito, especialista no solo, caiu durante apresentação e foi eliminado, a exemplo de Pequim.

Nesse mesmo ano, dois atletas surpreenderam o povo brasileiro. Sara Menezes, ganhou o ouro no judô e Arthur Zanetti, foi campeão nas argolas. Esses atletas não tinham sido citados como grandes favoritos para conquistar medalhas, o que talvez tenha aliviado a pressão em cima deles.

Em abril passado, o maior nadador da história do país, Cesar Cielo não conseguiu se classificar para as Olimpíadas Rio 2016 e ao final da prova disse: “Essa temporada foi algo fora do normal para mim. Fiz um acompanhamento psicológico, sabia que a pressão seria grande…”. Cielo desabafou e chorou. Fatores físicos e psicológicos afetaram sua performance no Estádio Aquático do Parque Olímpico, que já vinha de resultados desfavoráveis desde o ano passado.

Foto: Divulgação/Brasil2016

Foto: Divulgação/Brasil2016

As emoções fazem parte da vida de qualquer indivíduo e não é diferente no esporte. No entanto, é relevante perceber a importância que tem no rendimento esportivo. Ao saber gerir as emoções, essas tornam-se aliadas, e os atletas podem se beneficiar com essa tremenda energia. Sabemos que a vitória e a derrota são contagiosas, mas no Rio 2016, com a torcida a favor, esperamos obter várias vitórias. E se vierem as derrotas, que sirvam de experiências e trampolins, para que no futuro os nossos atletas possam chegar ao lugar mais alto do pódio.

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