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De Olho nas Olimpíadas

Brasil é pioneiro na América Latina com laboratório credenciado pela Agência Mundial Antidopagem

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O Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD) foi reacreditado pela Agência Mundial Antidopagem (WADA, em inglês) em maio de 2015, em anúncio feito em Montreal, no Canadá, e será um dos principais legados dos Jogos Olímpicos Rio 2016. O laboratório passa a ser o 34º do mundo acreditado pela WADA. Para conseguir a reacreditação, o LBCD foi testado e avaliado intensamente durante cerca de nove meses pela Agência Mundial. Para manter a acreditação, o laboratório brasileiro será avaliado constantemente pela WADA e terá que realizar um mínimo de três mil exames por ano, além de controlar a qualidade do processo. Essa periodicidade torna-se fundamental para dar credibilidade aos atletas de que as amostras analisadas estarão de acordo com o padrão internacional.

A nova sede, construída em 2014, fica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O prédio foi construído graças ao investimento de R$ 134 milhões do governo federal. Foram R$ 106 milhões do Ministério do Esporte e R$ 28 milhões do Ministério da Educação. Além disso, o Ministério do Esporte investiu outros R$ 54 milhões para a compra de equipamentos de última geração e materiais para a operação do laboratório.

Como funcionará o laboratório: durante o período das competições dos Jogos Olímpicos, funcionará 24 horas, durante 7 dias na semana. Embora o laboratório seja um espaço de formação acadêmica, durante o período dos jogos, priorizará a demanda das análises dos atletas. Os sessenta profissionais que já fazem parte da equipe foram submetidos a um programa intenso de treinamento e haverá novas contratações visando atender a grande demanda durante as competições. Vale ressaltar que a LBCD conta com consultoria de técnicos especializados em operações antidopagem que já atuaram em outras edições dos Jogos Olímpicos.

Durante as competições, uma série de medidas serão tomadas para evitar qualquer interferência no processo de análise que possa fraudar o sistema. A amostra quando chega ao laboratório é recebida na recepção e a partir desse momento passa a ser de responsabilidade do mesmo. A amostra é encaminhada por um funcionário até um setor restrito contendo apenas um código, sem o nome do atleta. O laboratório renomeia esse código internamente. A amostra é separada em pequenas porções que passarão por um processo de análise específica. Serão mais de 500 substâncias analisadas.

A comunidade cientifica brasileira comemorou a reacreditação por diversos motivos: primeiro por ser a sede dos Jogos Olímpicos em 2016, segundo por tratar-se de um laboratório creditado e moderno e também por poder atender os países vizinhos da América do Sul, na luta contra a dopagem.

Novas instalações do LBCD, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Foto: Roberto Castro/Ministério dos Esportes

Novas instalações do LBCD, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – Foto: Roberto Castro/Ministério dos Esportes

Memória Olímpica
Relembre alguns casos de doping que chocaram o mundo!

SEUL 1988: Seul, Coréia do Sul. No dia 24 de setembro de 1988, chegava um dos momentos mais esperados daqueles Jogos. Na pista do Estádio Olímpico, os melhores velocistas do mundo, incluindo o brasileiro Robson Caetano, entraram em ação para a prova dos 100m rasos, considerada a mais nobre do atletismo. O duelo que todos queriam ver era entre o lendário norte-americano Carl Lewis e o canadense, nascido na Jamaica, Ben Johnson. No entanto, logo após o tiro de largada, o que se viu foi Ben Johnson disparando e tendo um desempenho exuberante, com direito a recorde mundial. Naquele dia, Johnson se transformou num dos maiores nomes da história olímpica a correr os 100m rasos abaixo dos 9s80.

Mas a glória durou pouco. Apenas dois dias depois, o canadense caiu no doping. Seu exame registrou a presença de estanozolol, anabolizante derivado da testosterona. O ouro de Johnson ficou para o seu rival, Carl Lewis, que tinha garantido a prata. Além disso, o canadense foi suspenso do atletismo por dois anos, além de perder contratos milionários de publicidade. Após a suspensão, Johnson ainda voltou a competir, mas nunca foi o mesmo. Em 1993, deu positivo outra vez em um exame antidoping e, por ser reincidente, foi banido de vez do atletismo.

SIDNEY 2000: Aos 25 anos, uma norte-americana chegava à Austrália disposta a ser um dos principais destaques dos Jogos. Quando a competição começou, Marion fez o que o mundo esperava. Ela faturou três ouros, 100 e 200m rasos, e revezamento 4x100m, além de dois bronzes, revezamento 4x400m e salto em distância. Foi a primeira mulher a conseguir cinco medalhas no atletismo em uma mesma edição de Jogos Olímpicos. No entanto, Marion nunca mais teve um desempenho à altura do que havia apresentado em solo australiano. Sua performance em Atenas 2004 foi discreta. Alcançou apenas um quinto lugar no salto em distância e chegou a levantar alguma desconfiança em relação aos feitos obtidos quatro anos antes. Em 2007, a norte-americana confessou que havia competido sob efeito de anabolizantes e decidiu devolver as cinco medalhas conquistadas ao Comitê Olímpico Internacional (COI), que em dezembro daquele ano anulou oficialmente os resultados da atleta.

O CASO LANCE ARMSTRONG: Poucas histórias no esporte eram tão inspiradoras quanto a do ciclista norte-americano Lance Armstrong. Em 1996, ele foi diagnosticado com um câncer no testículo, que depois se espalhou para o pulmão e o cérebro, em que suas chances de sobreviver eram de apenas 40%, segundo os médicos. Indo na contramão do diagnóstico, Lance enfrentou a disputa mais importante de sua vida, que o colocou entre a vida e a morte. Como um verdadeiro campeão venceu a disputa. Após a cura o ciclista criou a Fundação Lance Armstrong para auxiliar as pessoas no combate ao câncer. Em 1998, o norte-americano retornou às competições de ciclismo de estrada. No ano seguinte, conquistou a prestigiada Volta da França, principal evento da modalidade, feito que repetiu até o ano de 2005, tornando-o uma lenda do esporte mundial. Lance Armstrong virou celebridade e era admirado por todos. No entanto, tudo acabou em 2012. Após ser acusado pela Agência Antidoping dos Estados Unidos, que detectou substâncias ilícitas em suas amostras sanguíneas de 2009 e 2010, o ciclista confessou que se dopava para competir. Lance foi banido do esporte e suas conquistas, caçadas. Ele perdeu os sete troféus da Volta da França e o bronze obtido em Sidney no ano 2000.

A meta do Brasil é zerar qualquer possibilidade de caso de doping. Vamos torcer para que nos Jogos Olímpicos Rio 2016, não ocorram episódios tristes e desrespeitosos como os ocorridos em outras edições. Esperamos de braços abertos por atletas conscientes e comprometidos com o esporte e com o devido respeito aos outros competidores.

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