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De Olho nas Olimpíadas

A canoagem no Brasil e nossas promessas nos Jogos Rio 2016

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A canoagem é um esporte náutico, praticado com a utilização de embarcações (canoa ou caiaque). Desde a Pré-História os homens utilizam essas pequenas embarcações para o transporte e locomoção. No ano de 1936, a canoagem passou a fazer parte das modalidades dos Jogos Olímpicos nas modalidades slalom e velocidade.

Foi por intermédio de um imigrante alemão, o Senhor José Wingen, que a canoagem surgiu no Brasil de forma informal em 1943. Ele construiu uma embarcação parecida com a que usava na infância quando competia na Alemanha. Desse modo, surgiu o primeiro caiaque de madeira na região sul. Esse fato marca o nascimento da canoagem no Brasil. Tal feito despertou grande interesse na comunidade de Estrela, município do Estado do Rio Grande do Sul, banhado pelo Rio Taquari. No entanto, devido à falta de infra-estrutura e posteriormente à construção da represa de Bom Retiro, a canoagem ficou estagnada.

Foi somente em meados das décadas de 70/80, que a canoagem nacional foi retomada, quando caiaques fabricados em fibra de vidro foram trazidos da Europa e da Argentina. Essas embarcações serviram como molde para a construção dos primeiros caiaques nacionais em resina de poliéster reforçada com fibra de vidro. Hoje os modernos caiaques e canoas são construídos também em resina de poliéster, em sua maioria, ou mesmo em resina epóxi com kevlar ou fibra de carbono, e ainda plástico injetado ou polietileno (um dos tipos de plástico mais comum).

Em 1980 a canoagem se tornou oficialmente uma modalidade esportiva. Em 1984 foi criada a Associação Brasileira de Canoagem, mas foi em 1989 que a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) foi fundada, atualmente com sede na cidade de Curitiba, Estado do Paraná. A organização da modalidade é relativamente recente, no entanto, a CBCa, por meio de árduo trabalho estruturado de dedicados e competentes atletas e excelentes treinadores, já está conseguindo resultados expressivos a nível internacional. Seja no rio, mar ou lagoas, a canoagem já conquistou os brasileiros.

A grande promessa de medalha na modalidade canoagem de velocidade, nos Jogos Rio 2016 chama-se Isaquias Queiroz. Nascido em Ubaitaba, no Estado da Bahia, em 1994, esse jovem já deixou seu nome na história dos grandes atletas brasileiros. Em 2013, no Mundial de canoagem de velocidade, conquistou o bronze na prova olímpica dos 1.000m (a primeira medalha de um atleta brasileiro na história do Mundial). No mesmo campeonato, fez história mais uma vez, ao conquistar o ouro na prova não-olímpica “C1 Masculino 500m”. Conseguiu novamente a medalha de ouro da prova de C1 500m em Moscou, o Campeonato Mundial de Canoagem de 2014 e também conquistou um bronze, na C2 200m. Nos Jogos Pan-Americanos de 2015 conquistou duas medalhas de ouro e uma de prata.
Para Isaquias a palavra de ordem até as competições do Rio, é “treinamento”.

Na modalidade slalon a esperança brasileira é Ana Sátila. Com apenas 16 anos, a mineirinha, nascida em Uturama foi a mais jovem atleta a fazer parte da delegação brasileira dos Jogos Olímpicos de Londres 2012. Foi campeã mundial júnior em 2014 e vice-campeã SUB23 em 2015. Dos Jogos Pan-Americanos Toronto 2015, trouxe um ouro e uma prata. Ana treina desde os nove anos e aos doze já fazia parte da Seleção Brasileira. Hoje é considerada uma das melhores canoístas do país. Nas classificatórias no K1 feminino, deu show nas águas do Canal Rio e conseguiu o segundo lugar com o tempo de 104.54 segundos, ficando a apenas 65 centésimos da primeira colocada, a alemã Ricarda Funk.

A canoista Ana Sátila - Foto: Bruno Miani/COB

A canoista Ana Sátila – Foto: Bruno Miani/COB

Principais modalidades de canoagem

Canoagem de velocidade:
É a mais popular sendo é disputada em canais de 2 km de comprimento. Nas Olimpíadas são disputadas competições em percursos de 500 m e 1000 m. As competições são realizadas com um, dois ou quatro canoístas por canoa. São 09 raias. As embarcações usadas (caiaques ou canoas) são bem rápidas, porém instáveis. Faz parte dos Jogos Olímpicos desde as Olimpíadas de Berlim em 1936.

Canoagem Slalom
É praticada em percursos de 250 e 300 metros. Os canoístas devem passar por 18 a 25 portas, com o menor número de erros possível e num menor espaço de tempo. A canoagem slalom estreou nas Olimpíadas de Munique (1972). Depois, ficou de fora nos seis Jogos Olímpicos seguintes, retornando em 1992 nas Olimpíadas de Barcelona como modalidade olímpica.

Canoagem Oceânica
Praticada com embarcações especiais para o mar, o objetivo desta modalidade é cumprir determinados percursos no oceano. Apresenta um elevado grau de dificuldade.

Canoagem Maratona
Nesta modalidade os percursos são elevados (de 15 km para cima). É uma competição que envolve grande esforço físico e resistência por parte dos canoístas.

Caiaque-Pólo
Competição envolvendo duas equipes em que os jogadores utilizam canoas para se movimentarem pela área de jogo. É disputado em rios, piscinas ou lagos. O objetivo é marcar o maior número de gols.

Freestyle
Modalidade recente de canoagem. O canoísta deve fazer manobras e movimentos específicos na onda de um rio, num determinado período de tempo. Cada manobra vale pontos para o canoísta.

As classes de embarcações são padronizadas pelas regras da Federação Internacional de Canoagem, a saber:

• K1: Caiaque para uma pessoa. Tem o comprimento máximo de 5,20 m e o peso mínimo de 12 kg.
• K2: Caiaque para duas pessoas. Tem o comprimento máximo de 6,50 m e o peso mínimo de 18 kg.
• K4: Caiaque para quatro pessoas. Tem o comprimento máximo de 11 m e o peso mínimo de 30 kg.
• C1: Canoa para uma pessoa.Tem o comprimento máximo de 5,20 m e o peso mínimo de 16 k.
• C2: Canoa para duas pessoas. Tem o comprimento máximo de 6,50 m e o peso mínimo de 20 kg.
• C4: Canoa para quatro pessoas. Tem o comprimento máximo de 11 m e o peso mínimo de 50 kg.

Nos caiaques, rema-se sentado com um remo de duas pás. Na canoa, o canoísta apoia-se no assoalho da canoa com um joelho e usa remo de uma só pá.

Memória Olímpica:

• A primeira prova oficial de canoagem de velocidade no Brasil foi na Lagoa Rodrigo de Freitas na cidade do Rio de Janeiro, em 1984.
• O Rio Grande do Sul é o berço da canoagem no Brasil. Foi em Três Coroas que aconteceu a primeira prova do mundial de slalon.
• Nos Jogos de Atlanta 1996, o canoísta naturalizado brasileiro Sebástian Cuattrin, nascido na Argentina, obteve o melhor resultado nacional até o momento, o oitavo lugar na prova K-1 1.000m.
• O polonês Zdzislaw Szubski, técnico da seleção brasileira de canoagem velocidade de 1994 a 2004, está no Guinness, o livro dos recordes. Sua façanha foi passar 24 horas remando sozinho em um percurso de quase 300km no rio Vístula, na Polônia, em 1987.
• Em Seul 1988, o australiano Grant Davies foi declarado vencedor da prova do K1 1.000, mas perdeu o ouro 11 minutos depois. A organização anunciou que o norte-americano Greg Barton havia chegado cinco milésimos antes, o equivalente a menos de 1cm.
• A alemã Birgit Fischer é considerada uma das maiores atletas olímpicas de todos os tempos. Praticante da canoagem velocidade, ela conquistou, entre os Jogos de Moscou-1980 e de Atenas-2004, incríveis 12 medalhas, sendo oito de ouro.
• O sueco Gert Fredriksson, morto em 2006, aos 86 anos, é o maior fenômeno olímpico que a canoagem de velocidade já produziu. Entre os Jogos de Londres-1948 e os de Roma-1960, Gert conquistou oito medalhas, sendo seis de ouro, uma de prata e uma de bronze.

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