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Futebol

Hugo Burgos: “O jogo contra o Paranoá é minha obsessão”

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Foto: Mateus Dutra

Personagem do futebol candango desde sua chegada, Hugo Adrián Burgos é um dos elos da manutenção de categoria do Planaltina antes da rodada final do Candangão, ainda lutando pela permanência.

“El Pilo”, fiel a seu estilo, não poupou palavras na entrevista exclusiva à Esportes Brasília, falando sobre as diferenças do campeonato distrital, sobre a primeira vitória do Galo do Planalto na competição no Século XXI e sobre sua permanência como treinador do alvirrubro. Confira, a seguir, a íntegra da conversa com o técnico uruguaio:

O nível do Candangão depois de mais de duas décadas era o esperado?

“Sabíamos que ia ser muito difícil. Pensamos que não ia dar, tentamos manter o time da Segunda Divisão, mas nos faltou uma peça chave para nós no ano passado que foi o (zagueiro) Sérgio Baiano, que não organizou as situações econômicas com o clube e foi para o time da cidade dele. Esperávamos um nível alto, mas não com tanta diferença quanto ao financeiro. No futebol, evidentemente, o dinheiro marca na contratação de jogadores e na qualidade do desenvolvimento além do temperamento e da vontade.”

O resultado contra o Santa Maria foi surpreendente?

“A verdade é que há uma diferença muito grande entre quase todos os times e o Planaltina segue sendo modesto. O jogo de ontem pareceu ao que nós queríamos, mas também enfrentamos a uma equipe que está dentro do nosso mesmo nível. Se bem está há um bom tempo na primeira divisão, não está longe da gente.”

Como você planejou essa partida?

“Nos últimos quatro jogos, se ganhamos dois, temos grandes chances de permanecer. Esse era o objetivo, perdemos os dois primeiros e agora nos resta ganhar o último para firmar, ainda com saldo de gols, na primeira divisão. Sabíamos que eram finais. Treinamos com turnos dobrados em alguns dias, sobretudo as finalizações e trabalho defensivo a um nível básico para ter o (desempenho) elementar.”

A vitória foi uma injeção de ânimo para o elenco?

“O futebol não tem história: o que perdemos já não pesa mais e o que ganhamos e empatamos tampouco nos favorece. Tudo se planeja do zero, é uma nova história e vão ser 90 minutos onde vão ser eles ou nós, porque querem entrar no G-4.”

Como vê a diferença que terá na teoria contra o Paranoá?

“Os campeonatos se ganham ao início da temporada: quando você contrata melhor que seus adversários, há uma diferença substancial, mas quem jogam são os garotos, se você contrata os melhores, tem mais chances de ganhar. Não se pode trazer o Neymar para jogar o Candangão por R$ 3 mil. Essa diferença é marcada sempre, mas aqui, no Uruguai e em todo o mundo”

Como pensa desde já a última rodada?

“O jogo contra o Paranoá é minha obsessão, ficar na primeira divisão é a ideia principal. Seria muito triste voltar depois de mais de 20 anos e que seja rebaixado já no primeiro ano. Seria como ganhar a Copa do Mundo deixar o time na elite. Que tudo saia da melhor maneira possível e que o clube cresça desde uma base sólida nessa categoria.”

Houve vários rumores sobre você desde a última Segundinha. Depois do Candangão, você segue ou sai do time?

“Falei com o clube há mais ou menos 20 dias que não vou continuar. Esse vai ser meu último jogo no Planaltina. Foram dois anos de trabalho duro Com muitas adversidades e muitas alegrias. Nessa situação estrutural e econômica, acho que não tenho muita coisa mais a dar para o time.”

Então o que vai deixar no Planaltina?

“Vou seguir sempre, com as boas relações, não vou embora por diferenças de qualquer tipo, mas vejo que se acaba um ciclo desde a segunda divisão. Independente do resultado, vejo como um fim de ciclo. Veremos o que acontece. Não saio (de Brasília) tampouco, tenho uma proposta de outra equipe, tive ofertas antes e durante o campeonato e decidi ficar.”

Tem algum agradecimento específico por esse período?

“Sou agradecido ao presidente Ricardo Martins, ao Eduardo Mayer que me trataram como um familiar, mais que como técnico. Me abriram as portas de suas casa e do clube com a possibilidade de mostrar meu trabalho e de seguir crescendo profissionalmente nesses novos horizontes e nesse grande desafio.”

Narrador Esportes Brasília desde 2022; Currículo com duas Supercopas do Brasil e uma Copa do Mundo, além de extensa cobertura do futebol, futsal e basquete da capital federal; Colunista EB no Nó Tático, às segundas-feiras.

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