A décima contratação do Cresspom para a nova temporada do futebol feminino é motivo de orgulho particular para a instituição. Anunciado nesta quarta-feira (6), o goleiro Bruno Costa é o primeiro atleta trans da história do clube.
Nas redes sociais, a formação heptacampeã candanga nomeou o guarda-meta como “contratado”, com o artigo diferente, mas descreveu na portada do post que o atleta era “bem vinda”. Na legenda, porém, houve espaços para respeito e relativa confusão ao novo integrante: “Pronome: ele/dele. Cresspom é adversidade (sic) e inclusão”.
À Esportes Brasília, o novo reforço declarou que, além do fator histórico, a novidade é um salto na carreira, com a participação das Tigresas na Série A3 do Campeonato Brasileiro deste ano. “Primeiramente como atleta, não só como primeiro jogador trans. Serão times de altíssimo nível, de estados diferentes e em busca do mesmo objetivo que é ser campeão e conseguir o acesso. Alguns pela primeira vez e para a gente mais um, se Deus quiser”, declarou.
Bruno atuou na temporada passada pelo Estrelinha, indo para o segundo time na capital federal. Antes havia passado pela Cabofriense, do Rio de Janeiro, e estava no Paraíso, de Tocantins, onde se sagrou campeão estadual. Ele espera que o campeonato feminino tenha mais equilíbrio na edição 2024.
“É importante que cresça ainda mais, tenha mais visibilidade, mais jogos disputados e não só um seja favorito a ponto de saber o final do filme, mas aquele campeonato de igualdade que seja uma caixinha de surpresas no final”, almeja. O arqueiro é nascido no Rio de Janeiro e tem 28 anos de idade.
O jogador descreve um pouco sobre a atualidade da população trans no âmbito esportivo do país. “Infelizmente não temos muito espaço no esporte. O Brasil ainda é imaturo em relação a isso. É muito preconceito, transfobia e agressões, principalmente com palavras. Eu já sofro normalmente com certos comentários machistas, imagine agora que esse assunto está recorrendo tanto”, confessa.
Para o goleiro, uma melhora nesta realidade passa por uma evolução e compreensão humana. “Temos nosso direito de ir e vir, de praticar esporte, de escolhermos a melhor forma de viver e de ser, sem ter medo de sair no portão, de sair às ruas seja para passear, almoçar, jantar, curtir. Isso porque infelizmente o mundo que vivemos como inimigos. E não somos”, rebate.
O Candangão Feminino tem previsão para começar no dia 4 de agosto e durará dois meses, até 6 de outubro. Uma novidade de 2024 no calendário anual é a disputa do torneio sub-18, uma novidade no futebol do Distrito Federal. O Cresspom vem de seis presenças seguidas na fase semifinal, mas não é campeão desde a edição 2015, sendo o maior vencedor de Brasília desde 2012.
