Siga Nossas Redes Sociais

Nó Tático

O Rio da Prata é a bacia do futebol

Escrito em

Paulo Martins

Nesta semana se definem os clubes classificados para as quartas de final da Libertadores e da Sul-Americana, com bons e interessantes confrontos. Vale, então, falar de um pedaço de terra que respira futebol: a Bacia do Prata. E senhores, esse monólogo não precisamente ressalta a glória do futebol argentino, brasileiro, paraguaio e uruguaio: os maiores campeões sul-americanos, junto dos colombianos – cabendo aqui menção para o Atlético Nacional, definitivamente o maior time do meio norte do continente.

Entendo, com isso, a tirania e a miséria em outras pátrias irmãs, que penam no cotidiano (não sendo diferente no futebol), tais como Venezuela, Equador, Bolívia e Peru, que mereciam glórias maiores no futebol, além de casos como títulos de Copa América isolados e as conquistas da LDU em 2008 e 2009 (Libertadores e Sul-Americana, respectivamente, ambas sobre o Fluminense) e do Cienciano/PER em 2003 (ao bater o River Plate de Marcelo Salas e levar a Sula, único continental peruano entre os clubes).

Mas aqui, vale entender como a bacia do Rio da Prata, além de sua história, é o seio do futebol da “America Meridionalis”. 41 das 61 Copas Libertadores estão alocadas em locais banhados pelo segundo maior rio do continente, atrás do Amazonas.

Começamos uma recorrida por este berço do futebol desde sua nascente, em terras guaranis. Apesar de tradicionais, Libertad, Guaraní, Nacional e Cerro Porteño nunca levaram um título, chegando, todos, pelo menos, às semifinais. Apenas o Olímpia, com suas três taças, é o rei do Paraguai. Próximos ao estado do Paraná (tendo como referência o atual crescimento do Athletico), o potencial é claramente visível para bater de frente com brasileiros, argentinos e uruguaios, nos campos de futebol.

Antes de pisar território brasileiro, passo pela província argentina de Santa Fé, lembrando os onze campeonatos nacionais de Rosario Central, Newell’s Old Boys e Colón. Estes dois últimos, ainda, protagonizaram finais continentais, com os vice-campeonatos (respectivamente) da Libertadores de 1992, quando os Leprosos caíram para o São Paulo de Telê Santana e na Sul-Americana de 2019, quando a caravana de 40 mil Sabaleros foi a Assunção, perder contra o Independiente del Valle/EQU, e fazendo festa (mesmo assim) debaixo de chuva torrencial na capital paraguaia.

Quando fizera parte do Brasil, o Uruguai foi chamado de Província Cisplatina (do lado próximo do Prata). Hoje, os charruas, além de impressionante canteira de incontáveis craques, têm dois dos maiores times do continente: Nacional e Peñarol, que, juntos, ostentam oito Libertadores. Mais até que o Rio Grande do Sul (outrora com viés mais separatista), que soma cinco títulos nas conquistas de Grêmio e Internacional. Aliás, ambas parcelas, juntas, formariam um grande campeonato (que teria as mesmas Libertadores que o restante dos clubes brasileiros em 2018, antes dos títulos do Flamengo e do Palmeiras). Eu pararia para assistir um Juventude (campeão nacional, de estádio hostil) e Defensor (base de alguns craques como um tal Giorgian de Arrascaeta).

Ao sair da Bacia do Futebol, o que dizer de Buenos Aires? Só na Cidade Autônoma são 13 Libertadores, a cidade que mais chegou à Glória Eterna, com Boca Juniors (6), River Plate (4), San Lorenzo (1), Vélez Sarsfield (1) e Argentinos Juniors (1). Isso sem falar na região metropolitana, com o Independiente (Rey de Copas, de sete Libertadores), Racing e Estudiantes (de La Plata, mais ao sul), somando mais 12 conquista da copa máxima do continente, dando as 25 conquistas da Liberta aos hermanos.

Para lá foi a minha primeira viagem de avião. O primeiro estádio que entrei na vida, depois de passear pelo Caminito, foi nada menos que La Bombonera. É um dos mais fantásticos lugares no mundo, sem deixar dúvidas. Confesso isso mesmo sendo torcedor do Lanús (que ganhou seu primeiro título nacional, o Apertura 2007, na cancha do Boca). É uma catedral do futebol. E Buenos Aires é uma Jerusalém. Nomás. Do outro lado, em Montevidéu, nasceu a Copa do Mundo, há 92 anos. Ao largo do rio: história, patriotismo e energia. Messi, Ronaldinho Gaúcho, Suárez, Riquelme, Gamarra, Francescoli, Maradona, Gustavo Gómez, Forlán, Cássio e Gato (com o filho, Gatito) Fernández. Exemplos sobram. Fica dúvida de que é a Bacia do Futebol?

P