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O futebol do Distrito Federal está morto
Já com possibilidade de retrospectiva, a decepcionante realidade da capital federal, apesar dos absurdos, cumpre com o esperado
Escrito 2 semanas atrás em
Por Paulo Martins
É bem verdade que 2024 teve pontos altos, baixos, previsíveis e inesperados. Isso inclui o futebol daqui e é natural pensar num todo com o último trimestre do ano começando nesta terça-feira (1º/10). Entretanto, o ano do trágico futebol de Brasília se finaliza em lástimas maiores do que se aguardava e tão somente se aguardam a definição dos dois ascensos para o Candangão 2025, já se faz retrospectiva nos campos locais. Pasmem.
A dor de uma metrópole (terceira maior do Brasil, de população igual à do Uruguai) com a queda do Brasiliense é maior do que a alegria que se teria pelo acesso à Série C. Porque é o time com a prerrogativa e obrigação de fazê-lo, baixo diversos aspectos. Porque seria injeção de moral e vergonha esportiva estar um nada acima do nada, como agora.
E o grande tapa na cara veio na final da Série D: o ex de Winck, Anápolis, vice, e o algoz, Retrô, campeão. O Brasiliense era o segundo melhor time do campeonato na tabela dos classificados às quartas de final, apenas atrás do Maringá (que subiu). E pôde ser o primeiro clube do Brasil a ser campeão em três divisões desde que o futebol no Brasil se joga em pontos corridos, ou seja, no novo século. Seria o segundo histórico, após o Sampaio Corrêa.
Mas, moral e vergonha não combinam com o Jacaré. Quem dirá, então, sobre o Real Brasília? Que perdeu para um time treinado por um médico, atrasou salários até não poder mais. Pode, logo, não ter sua casa. De milagre, não caiu no Brasileirão Feminino. No masculino, dispensável e inacreditavelmente abaixo do ridículo. Era digno de cair à Segundinha, se não houvesse time ainda pior no submundo do futebol de Brasília.
Se o mérito existe, um dia haverá de recompensar o presidente do Gama, Wendel Lopes. Que apesar de traído por um desserviço de técnico como Cícero Júnior, de ter bloqueada a premiação de terceiro colocado do Candangão e de entrar em recuperação judicial, faz, acontece, esclarece e dá a cara a tapa pelo maior campeão e mais popular de Brasília. Um que fez entre os tantos que tentaram derrocar o alviverde no pleno esquecimento.
Por outro lado, se o mérito existe, um dia haverá de redimir a arbitragem do Distrito Federal frente ao que apresentou Maguielson Lima Barbosa no último sábado (28/09). De estrutura a novas competições, mostrando representatividade, a Federação tenta fazer algo para posicionar melhor uma cidade que merece mais em um melhor lugar.
Sem sucesso por ter sido atrapalhada por seus clubes federados e pelo que foi cotado seu melhor árbitro, fiasco em horário nobre e na elite nacional, envolvendo o líder do campeonato, nada menos. Tantos que fazem entre um que mostra porque Brasília não é lugar pra futebol.
E não à toa, no país que mais Copas do Mundo tem, de uma das melhores ligas do planeta, onde cada vez mais se assentam craques (brasileiros e estrangeiros), uma capital se forme assim, inexistente e imprópria. Andamos ao caminho de não vermos mais as camisas de Gama, Brasiliense, Ceilândia e tantos, tantos outros que, hoje por hoje, não se veem mais em qualquer lugar da própria cidade. Morremos. O futebol do Distrito Federal está morto.
(*1960 – +2024)
Narrador Esportes Brasília desde 2022; Currículo com duas Supercopas do Brasil e uma Copa do Mundo, além de extensa cobertura do futebol, futsal e basquete da capital federal; Colunista EB no Nó Tático, às segundas-feiras.