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Nó Tático

“Não posso mudar ou corrigir o que me corre nas veias”

Escrito em

Paulo Martins

Este título, caro leitor, é um trecho da música “Chau” (“Tchau”, na tradução do espanhol ao português), da banda uruguaia No Te Va A Gustar. Inclusive, fica a recomendação. Sobre esta frase será a coluna de hoje.

O fim do ano naturalmente nos leva a uma reflexão geral. É um momento onde resignamos sobre todo um ano que se encerra depois de muitos acontecidos. Nós que acompanhamos o futebol temos mais o costume de levar esta marca de tempo como temporada. Esta, tristemente mais curta para o Distrito Federal.

A bola nos interessa pelo sentimento de pertencimento que nos envolve a essa cidade, cada dia mais com uma identidade própria. Infelizmente, nos gramados, esta se encontra perdida e carente ao extremo.

Isto nem digo como parte da capaz imprensa esportiva, que este ano sofreu com pouca estrutura e até casos de perseguição. Sem falar de igual na falta de mercado que obriga os nossos prodígios a migrar para longe de casa, como os recentes exemplos de Duda Ribeiro e Klaus Barbosa. Mesmo os nossos grandes fotógrafos preferem cobrir eventos em outros estados para ter algo melhor que trabalhar.

Entretanto, o que nos falta é uma alegria mais nossa. E não porque venha um Flamengo ou um Palmeiras a jogar por aqui, eventualmente. Queremos o bem de quem entra nos nossos estádios para defender uma história, hoje, quase nula.

Infelizmente se nota que essa não é uma vontade geral. Vai ano e vem ano (ou temporada, como queiram) não há um mísero ascenso. Por mais difícil que possa ser, quem pode contrariar que a capital federal tem a condição de levar um time a melhores escalões, mais que maiores?

Aqui entra a frase do título e da canção citada. Observando bem a letra, os amantes do futebol candango tentam, ou tentaram, manter algo de alma que até certo tempo aqui havia.

“Olhei para a minha direita, vi que desparecias, gritei com todas as minhas forças e notei que não me ouvia. Fiquei toda a noite na areia tentei que algo valesse a pena”, diz parte da cifra.

Todo esse desencanto parece permanente na mais de década afundando na última categoria nacional. Questiona-se, como modelo geral aos clubes e à federação, se isso muda.

Neste esporte, já não de hoje, a rentabilidade passa a falar cada vez mais alto. Então, aparenta que os times, mantidos desta maneira, como se nada acontecesse, prefiram esta morte gradual e lenta.

A eutanásia das arquibancadas cada vez mais vazias terminam em um fim com um pedido de socorro praticamente inaudível. Tristes e calados, seguimos a sonhar por dias melhores, sem saber se esses virão de volta. Em 2024? Dificilmente. Mas, “não posso mudar ou corrigir o que me corre nas veias”.

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