Nó Tático
Filosofia nas primeiras cartas
Modo de jogar, cuidado da bola, ajustes por fazer e riscos desmedidos marcaram a rodada de abertura do Candangão
Escrito 3 semanas atrás em
Por Paulo Martins

Uma das coisas mais apaixonantes do futebol, sem lugar a dúvidas, é a maneira de jogá-lo. Por mais criticado que normalmente possa ser um campeonato do porte do Candangão, o que se viu nos jogos da primeira rodada foi uma interessante primeira mostra. Se “a primeira impressão é a que fica”, teremos um bom produto por diante, nos enredos a se montar semana a semana.
Amplo candidato, o Capital mostrou, como principal repertório, o que mostrou com gosto e amplamente desde o primeiro dia de pré-temporada: o elenco. Para a imprensa, ganha certo apreço pela transparência e pelo esforço em vender seu próprio peixe, inclusive para quem revende. É um jogo de bons toques e chegada fácil, além da solidez defensiva que é costume da equipe, a ponto de irritar e confundir o adversário. Lembra uma face boa do Brasiliense recente, ainda que precise exibir mais quando enfrentar maiores desafios.
Ano passado, na primeira fase, o futuro campeão Ceilândia decidiu ver se o Capital “era isso tudo mesmo”, lembrando aquele meme antes do Santos ser atropelado pelo Barcelona no Mundial. O resultado foi conhecido: o Gato Preto perdeu por 5×1. O Ceilandense fez o mesmo, jogando mais aberto, e recebeu quatro. Às vezes, os riscos desmedidos custam caro. O Legião, por exemplo, correu para além da conta na metade inicial do primeiro tempo contra o Paranoá e quase deu certo. Entretanto, quando faltou perna, o time Sucuri aplicou os 2×0, e com caixa para mais.
O que houve de mais equilibrado e que brindou a rodada neste aspecto foi o Gama x Sobradinho. Por incrível que pareça, um empate sem gols como melhor jogo da rodada. Melhor que ter uma estratégia é estar pronto para a estratégia do seu rival: sem conhecer nenhum gramado do Candangão, como revelou o técnico Mário Henrique em entrevista pós-jogo à EB, soube da ofensividade exacerbada gamense e soube como se proteger, apesar de não ter vencido o jogo.
Dois centroavantes, pontas abertos, laterais de apoio, meio bem criativo, volantes mordedores: o Gama veio, quase literalmente, com tudo. Usando outra frase popular, “o inimigo do bom é o ótimo”. Tão neutralizado foi o ataque alviverde por excelente exibição dos laterais do Leão da Serra, sem falar do zagueiro Ednei (dito por muitos jornalistas o craque da primeira rodada), que o estreante e experiente goleiro Sidão sequer foi exigido em situações comprometedoras.
Narrador Esportes Brasília desde 2022; Currículo com duas Supercopas do Brasil e uma Copa do Mundo, além de extensa cobertura do futebol, futsal e basquete da capital federal; Colunista EB no Nó Tático e apresentador do Segundou Esporte Clube, às segundas-feiras.


Candangão Série A 2025 – Gama x Real Brasília

Ceilândia disponibilizará 1000 ingressos gratuitos para os torcedores
