Nó Tático
Como ordem e claridade de objetivos pautaram a temporada 2024
Vestiário posto no lugar e com concentração nos objetivos marcaram os altos e baixos da temporada 2024 em todo futebol brasileiro
Escrito 4 semanas atrás em
Por Paulo Martins
Eu sei, ainda não acabou. Mas cabe baixo diversos parâmetros fazer tal análise desde o que já tivemos neste ano, que não foi pouco. Aqui e em todo o país. Já dá para tirar, em meio ao desafio imposto na relação regularidade-calendário, onde os times compreendem a organização de vestiário e a clareza de objetivo, com plena concentração no mesmo (vide capacidade técnica) para lograr o mesmo.
Começo com o caso mais intrigante. O Atlético Mineiro é sempre tido como um time candidato a tudo, findado os estaduais. Não os vimos no Brasileirão, onde vagam pelo meio da tabela. Após a frustração com o historicamente copeiro Felipão, quem deu a pecha de time de mata-mata foi o argentino Gabriel Milito. E foi dando certo, na Copa do Brasil e na Libertadores. Na primeira final, viu-se o Galo do Brasileiro, daí a derrota em dois jogos. As derrotas, melhor dizendo.
O visto pelos atleticanos alegra o time mais regular no clímax da temporada. É de plena justiça que se rotule o Botafogo como melhor futebol do continente. Único com plena profundidade de elenco, constante no Brasileiro, com a liderança, e na Libertadores sendo finalista com caminho bem mais difícil que o Mineiro. É favorito às taças. Ainda mais se o time de Milito repetir o mesmo contra o Flamengo. Tirar uma vaga, como no caso do Bahia, nas oitavas da Copa Nacional, custou imensamente. Pode custar o cargo de Rogério Ceni, que não anda bem em lugar algum a esta altura.
Com nível similar e em crise em momento ainda mais crítico, o Palmeiras do “pacto” viu-se sem copa em agosto e ainda assim não conseguiu ter nível para alcançar os botafoguenses nos pontos corridos. A obsessão (palavra da ponta da língua dos palestrinos nos últimos anos) está na 36ª rodada, com uma “final” em casa, onde, pasmem, o time de Abel Ferreira, hoje, é zebra frente aos comandados de Artur Jorge.
Por falar em técnicos, que dizer do Flamengo? Tite era homem de outro patamar no parâmetro pós-estadual: um gol sofrido, talvez a melhor campanha da história do Carioca e mais taças à vista. Do nada, crítica, contra-estilo, pressão da torcida e o peso de um Maracanã nas costas do ex-Seleção. Bastou dar passo ao ídolo e então treinador do time sub-20, Filipe Luís que, em nove jogos, conquistou a Copa do Brasil pondo o Atlético no bolso e devolveu a paz a Gabriel Barbosa em sua última decisão pelo clube, já que o atacante se vai ao Cruzeiro em 2025.
Era um ano que tinha tudo para acabar mal, mas terminou bem. Ao contrário desta ordem, considerado o meio da temporada, está a história local do Brasiliense. Parecia que não, mas Luiz Carlos Winck (que, registro, acertadamente fica para o Candangão 2025) teve a mão do time e do vestiário. Era uma onda crescente em campo, para o acesso, passada uma primeira fase superba desde a mão do ex-Anápolis: teve um protótipo de vexame contra o Real Noroeste, afirmação contra o Brasil de Pelotas e queda ante o surpreendente Retrô. Para fora.
É lição para o presente e para o futuro: o acerto de regularidade e o timing para as conquistas, quando estas se encaixam. Certas coisas, quando não são, não devem ser. Mas também passam por querer ser. “Quem sabe, faz a hora, não espera acontecer”.
Narrador Esportes Brasília desde 2022; Currículo com duas Supercopas do Brasil e uma Copa do Mundo, além de extensa cobertura do futebol, futsal e basquete da capital federal; Colunista EB no Nó Tático, às segundas-feiras.