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EB Pelo Brasil

EB pelo Brasil: “Segundo Plano”

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Bem, a rodada do Brasileiro da Série A ainda não acabou (na noite desta segunda-feira teremos Fluminense x Coritiba, no Rio de Janeiro). Mesmo assim, não vejo razão para esperar. Infelizmente, neste fim de semana, o futebol ficou em segundo plano. Se na noite de sábado o Atlético Mineiro passou, sem grandes problemas, pelo Grêmio, abrindo uma boa vantagem na liderança; e se no domingo o Flamengo segurou o Palmeiras, no campo do adversário, nada disso teve importância diante do triste espetáculo protagonizado pelos cartolas – em alguns casos, usando terceiros.

Falo, é claro, do problema que envolveu justamente o jogo entre Palmeiras e Flamengo, que ficou ameaçado de não realização até minutos antes de a bola rolar (e isso aconteceu com 20 minutos de atraso em relação ao horário previsto). E tudo porque, por lhe convir, a cartolagem do rubro-negro carioca queria de qualquer modo adiar o referido jogo.

Tudo começou ainda na semana passada, quando antes do jogo contra o Barcelona de Guaiaquil, pela Libertadores, o Flamengo descobriu que vários integrantes de sua delegação estavam infectados com a Covid-19. Não apenas jogadores, nem membros da comissão técnica, mas cartolas, também – e aqui começa a questão: para que tantos “convidados” na tal viagem?

Pois bem… Como a Conmebol estabeleceu regras mais rígidas para a Libertadores e a Sul-Americana, o Flamengo ficou sabendo que se não entrasse em campo, mesmo com seus cinco, seis contaminados, levaria um WO e ponto final. O campeão da Libertadores jogou e ganhou. Ótimo. Na volta para o Brasil, com os jogadores posando para fotos aglomerados no avião, descobriram que o número de infectados subira para quase 20. Os cartolas tentaram adiar o jogo contra o Palmeiras – as regras da CBF, dúbias, não eram muito explícitas quanto à punições.

Pedido negado pela Justiça Desportiva, o Sindicato de Funcionários de Clubes, presidido por um funcionário do Flamengo, foi à Justiça alegando que seus associados corriam riscos. Só que, vejam só, pediu apenas o adiamento do jogo do Flamengo (que se danassem os funcionários dos outros clubes) e, mais ainda: não podiam viajar, mas trabalhavam normalmente no Ninho do Urubu e na sede do Flamengo. Incoerente, no mínimo.

A Justiça do Trabalho do Rio acatou o pedido. Em primeira e segunda instâncias. Inclusive confundindo ao deliberar que o Rio enfrentava um aumento contínuo de casos, com o jogo marcado para São Paulo. Felizmente o TST viu o absurdo e confirmou o jogo. Com muitos garotos, jogando livres, leves, soltos e sem responsabilidade pelo resultado (mas com muita garra e amor à camisa, ao contrário dos cartolas), o Flamengo empatou. Ótimo resultado.

Ficam, porém, ainda, as dúvidas sobre o tal voo da alegria que carregou tantos cartolas para o Equador e, também, se todos os itens dos protocolos de segurança foram obedecidos. Finalmente… Será que o Flamengo não vai entrar em campo pela Libertadores, contra o Del Valle? Viram porque o futebol ficou em segundo plano?

Vicente Dattoli é jornalista residente no Rio de Janeiro e já escreveu em diversos jornais do Brasil, como o Jornal de Brasília, além de cobrir inúmeras competições nacionais e mundiais.

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