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Futebol

O adeus do Rei: Conheça histórias de Pelé na capital federal

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Texto: Jorge Agle e Monique Del Rosso
Foto: Arquivo Público do Distrito Federal

O homem que marcou uma nação, uniu pessoas através de sua arte, o Atleta do Século; Pelé deixou o futebol e o mundo nesta quinta-feira (29), com a missão cumprida de elevar o nível do futebol mundial. Durante os 82 anos de vida, o Rei foi protagonista em três gramados de Brasília.

Em 1966, recebeu uma homenagem, um estádio com o seu nome, o “Pelezão”. Contudo, foi somente um ano depois que o craque do Santos atuou no local. Hoje, o estádio não existe mais, é ocupado pelo chamado Park Sul.

Já em 2008, esteve presente na inauguração do novo Bezerrão, dando o pontapé inicial na partida amistosa entre Brasil e Portugal, vencida pela seleção canarinha por 6×2.

O ex-vice-presidente da CBF pela região Centro-Oeste, Weber Magalhães, esteve com o Rei em determinadas oportunidades. “Tive algumas vezes até antes com ele. Uma pessoa altamente simpática, humilde, acessível com todo mundo, um cara com paciência total. Tivemos alguns eventos juntos, nos falamos poucas vezes, tivemos mais juntos nessa reinauguração da casa dele em Três Corações/MG, quando passamos lá”, comenta.

O também ex-dirigente do Gama ressalta a relevância do craque. “O legado que Pelé deixa no futebol é o que ele fez pelo futebol”, diz. Para Weber, muito da importância dele na modalidade se deu pela garra. “Pela sua postura, pela sua desenvoltura, seu profissionalismo em campo, pela sua luta, pelas suas conquistas e, realmente, uma pessoa exemplar”, fala.

“Ele era sensacional, jogou a vida toda no Santos e terminou no auge. Em 74, ele sabia que não poderia render o que rendeu em 70. Foi pro Cosmos, foi um sucesso nos Estados Unidos. Então, o Pelé é uma lenda, é eterno. O mundo, hoje, se curvou à morte de Pelé. Pelé é um símbolo mundial, é o rei”, afirma Weber.

Relação com os estádios brasilienses

Em Brasília, apesar de breve, a passagem de Pelé foi marcante para os fãs do futebol da capital. “A vinda do Pelé para a inauguração do Bezerrão (em 2008) foi uma homenagem a ele. Foi uma homenagem muito maior para a própria cidade”, analisa Allan Barbosa, narrador da Esportes Brasília.

No jogo entre Brasil e Portugal, Allan, que transmitiu aquele confronto pela então Rádio Bandeirantes Brasília, diz como foi a experiência de ver o atleta: “O Pelé esteve aqui na cidade do Gama, foi um momento ímpar para nós moradores do Gama. As pessoas viram aquela referência que é o Pelé dentro da cidade. É inimaginável pensar que o Pelé estaria ali. Então, tanto nós da imprensa, quanto os próprios torcedores sentiram muita emoção por aquele momento de sentir a cidade valorizada, sentir o nosso estádio valorizado com a presença do Rei Pelé”, conclui.

Entretanto, não foi a primeira vez que Pelé esteve em estádios candangos. Em 1967, o Santos enfrentou a Seleção de Brasília, no Estádio Pelezão. Apesar de ser inaugurado em 1966, foi a primeira partida onde o craque esteve presente no local.

Mesmo torcendo para a equipe rival de Pelé, o torcedor João Carmo, que viu o confronto à época, diz que o “Rei do futebol” foi bem recebido pela capital do País e até lotou o estádio. “Eu já conhecia o Pelé, mas ver o Pelé, assim, pessoalmente jogando, foi a primeira vez que eu o vi. A cidade, em termos de futebol, estava em festa. Foi muito bom, uma coisa espetacular. O antigo ‘Pelezão’ lotado. Só tinha uma arquibancada naquele tempo, mas a beirada do campo tava cheia. Foi ótimo”, recorda.

João ainda relembrou uma passagem com o Rei Pelé durante aquele duelo. “Foi uma coisa que me marcou muito. Eu havia feito a retirada de uma unha, eu tava com o pé todo enfaixado e, quando eu vi, em determinado período do jogo lá, eu vi que tinha um jogador do Santos aquecendo. Eu não me recordo qual o nome dele. E eu senti que o Pelé ia sair naquele momento. Aí eu sai, com dificuldade, andando, e fui saindo no meio ali e tinha um alambrado que dividia os torcedores e, no fundo da arquibancada, os vestiários”, conta

Após chegar perto do craque, o torcedor pediu um autógrafo e viu Pelé ainda oferecer um ‘favor’ a ele. “Ele falou comigo, ‘Você quer das outras pessoas que tão dentro do vestiários?’ e eu falei ‘Quero’. Ele foi lá, pegou [a assinatura] do presidente do Santos, Jorge Cury, Lima, Mengálvio e outros jogadores. Pra mim, foi um ato de muita humildade que eu vi do Pelé, que, hoje, a gente vê qualquer jogadorzinho, a gente fala qualquer coisa com eles e eles não dão nem ‘pelota’ pro
torcedor. E ele não. Além de me dar o autógrafo, ainda perguntou se eu queria o autógrafo de outras pessoas. Foi lá, pegou e me entregou sorrindo. Isso me marcou muito”, contou.

Além do jogo no Pelezão, em 25 de maio de 1967, onde marcou um gol, e da partida no Bezerrão, em 2008, onde deu o pontapé inicial, Pelé também marcou outro gol em território candango: foi em 20 de março de 1974, quando o Santos venceu o CEUB por 3×1, no estádio Nacional Mané Garrincha.

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