Paulo Martins
A última rodada do Campeonato Argentino de 2022 já é parte da história. Boca Juniors e Racing disputaram um verdadeiro título minuto a minuto no bairro portenho de La Boca e na cidade de Avellaneda, na Grande Buenos Aires. Ambas com mando xeneize e acadêmico, com estádios abarrotados, vale dizer.
No entanto, os rivais dos líderes protagonizaram o espetáculo mais do que os próprios postulantes ao título. O Independiente abriu o placar em La Bombonera e o empatou após virada dos comandados de Hugo Ibarra, com direito a golaço de falta do colombiano Sebastián Villa.
Portanto, os acontecimentos em El Cilindro fizeram todo o episódio ser mais insólito do que o esperado. A equipe do técnico Fernando Gago (aquele mesmo, ex-volante do Boca e do Real Madrid) teve dois pênaltis a favor e somente um deles foi convertido!!! No outro, com o jogo em 1-1, com o relógio em 45 do segundo tempo, Tomás Galván bateu ridiculamente para as luvas de Franco Armani. O Millonario, na despedida de seu maior treinador na história, virou o placar com dois tentos de Miguel Borja, ex-Palmeiras e Grêmio.
Ora, os concorrentes ao título, com medo de serem campeões, entregaram tudo à decisão de seus rivais. Marcelo Gallardo sai do River Plate como herói do clube e de seu maior rival, por último.
Quanto o Boca não sofreu com El Muñeco? Salvo engano, foi o treinador que mais venceu na casa xeneize, além de ter conquistado contra estes aquela que vejo como a maior final de Libertadores de todos os tempos, em 2018, e os eliminado na semifinal da edição seguinte.
Um dos melhores técnicos do mundo termina sendo bom até mesmo na história de seu arquirrival, sobretudo no maior clássico da Terra (a meu ver). Mais uma amostra de quão louco o futebol pode ser, com a mais cruel das mãos que retiram uma glória eterna retribuindo com um simples campeonato.
