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Futebol

Goleiro do Bolamense sofre racismo em partida do Candangão 2019

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Atualizada em 04/03/19 às 20:23

O racismo continua sendo pauta do esporte no Brasil. Quem não se lembra do caso do árbitro gaúcho Márcio Chagas, que foi chamado de macaco em uma partida do Campeonato Gaúcho? E do goleiro Aranha, do Santos, que foi vítima dos mesmos insultos?

Pois, de acordo com a súmula da partida entre Ceilândia e Bolamense, pelo Candangão 2019, parece que a coisa chegou na capital federal. Isso porquê, de acordo com o documento, o goleiro do Bolamense, Clébio, foi insultado por membros de uma torcida organizada do gato preto.

Segundo o documento, disponibilizado no site oficial da FFDF, o árbitro daquela partida, Christiano Nascimento, parou o confronto aos 37 minutos do segundo tempo após ser chamado por Clébio. O goleiro relatou que havia sido chamado de macaco por um membro da torcida organizada do Ceilândia, a Camisa 13.

O fato foi informado pelo árbitro ao delegado da partida, Marllos Augusto, que comunicou à Polícia Militar para que tentassem deter o acusado do fato. “Um membro da nossa equipe, que estava atrás do meu gol, identificou o torcedor para a arbitragem. O juiz fez a informação chegar aos policiais. Mesmo a gente apontando o torcedor, a polícia foi incapaz de fazer alguma coisa. Eram 13 torcedores. Ele era o único com o bumbo na mão”, disse Clébio, ao Correio Braziliense.

O caso da injúria racial pelo torcedor incide no parágrafo segundo do Artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Caso seja confirmada a situação, o clube pode ser punido com multa, perda de pontos, e até a exclusão do campeonato em disputa. Se identificado, o torcedor fica proibido de estar nos estádios pelo prazo de dois anos.

Questionado pelo impresso se tomaria medidas judiciais, Clébio respondeu que não. “Eu não quis fazer o Boletim de Ocorrência, tendo em vista que os policiais não identificaram na hora. Imagina depois. Se tivessem detido o rapaz, eu ajudaria o máximo para ele pagar pelo que fez. Mas, agora, passou. Deus sabe de todas as coisas”, contou o goleiro.

A reportagem da Esportes Brasilia procurou a diretoria do Ceilândia, que mandou o jogo. O presidente do Ceilândia, Ari de Almeida, informou que ficou sabendo da situação por meio da imprensa.

“O Ceilândia não tinha conhecimento do caso. O Ceilândia abomina qual quer tipo de preconceito por parte de seus integrantes, somos contra esse tipo de atitude seja praticada por quem for. Temos a consciência que esse tipo de atitude (se aconteceu) não acrescenta nada ao futebol local e vamos aguardar os acontecimentos para sim nos posicionar oficialmente”, contou Ari, em contato com a reportagem da EB.

A EB também procurou a Federação de Futebol do Distrito Federal e a torcida organizada Camisa 13, envolvidos no caso. Até o fechamento desta reportagem, nenhum dos entes respondeu nossos contatos. Caso alguém venha a se posicionar, a matéria será atualizada.

Rener Lopes é jornalista formado pela UCB. Atua na mídia esportiva desde 2006, com passagens por sete rádios, como narrador, apresentador e setorista. Tem no currículo três olimpíadas (Atenas 2004, Londres 2012 e Rio 2016), três Copas do Mundo (Brasil 2014, Rússia 2018 e Qatar 2022) e duas Copas América (Brasil 2019 e 2021).

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