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Futebol

Dia do árbitro: As histórias de quem comanda o jogo

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Dia 11 de setembro é comemorado o dia do árbitro. Como homenagem, EB entrevista uma das revelações do quadro candango - Foto: Patricy Albuquerque/Agência EB

No dia 11 de setembro, é comemorado o dia daquele que é responsável por comandar as partidas de todos os esportes, apitar faltas, ouvir reclamações dos atletas e, que até a mãe é “homenageada”: o árbitro.

Como forma de homenagear os árbitros, a reportagem da Esportes Brasília entrevistou uma das revelações da arbitragem brasiliense: Luiz Paulo Aniceto, de 30 anos, morador de Samambaia, que começou a apitar partidas aos 19 anos de idade.

Luiz conta que tudo começou incentivado pelo irmão Muller Aniceto, que também é árbitro, e de uma maneira inusitada: substituir um juiz que faltou à partida que estava acompanhando.

“Como era ‘fominha’ por futebol, ia para o campo bater bola durante o intervalo de um jogo pro outro e aproveitava para trabalhar como mesário. Um dia, faltou um árbitro do jogo. Meu irmão me perguntou: ‘porque você não apita?’. Eu falei que não, pois eu só sabia dar trabalho para o árbitro e não sabia apitar. Então, ele retrucou dizendo: ‘ou você apita ou eu serei linchado aqui’. Mesmo um pouco inseguro, resolvi apitar. No entanto, como eu já jogava há muito tempo, e acompanhava ele em outras oportunidades, não era tão leigo no assunto”, conta.

Luiz foi tão bem em campo que foi elogiado pelos jogadores e, após essa experiência ‘forçada’ pelo irmão, começaram a aparecer convites para apitar outras partidas. Mesmo não conseguindo concretizar o sonho de ser um jogador de futebol, passou a aprimorar o conhecimento sobre as regras e se preparar fisicamente, prestando atenção nas partidas, tanto pela televisão, quanto presencialmente.

Em 2010, começou pra valer a carreira, apitando partidas das categorias de base no campeonato amador de Samambaia. Três anos depois, já estudando na faculdade de educação física, inscreveu-se no curso de formação de árbitros da FFDF e deu um salto nas atividades, comandando jogos da base candanga.

Já em 2014, Luiz começou a figurar nos quadros de arbitragem do futebol profissional candango como quarto árbitro. Um ano depois, veio a chance de ouro: apitar partidas da Segundinha Candanga, maneira que a segunda divisão local é carinhosamente chamada. Foram três jogos, onde foi muito elogiado pelos atletas e comissões técnicas.

Mas, no ano das Olimpíadas do Brasil, chegou a tão sonhada estreia na divisão de elite do futebol brasiliense: em 13 de fevereiro de 2016, Luiz apitou o confronto entre Sobradinho e Paracatu, que terminou no empate em 1×1, no estádio Augustinho Lima.

Após comandar diversas partidas de futebol feminino e masculino, o samambaiense foi indicado em 2017 para o quadro da CBF como árbitro eventual, que é acionado caso alguém não passasse no teste físico ou da prova teórica. Um ano depois, o escudo de árbitro oficial da entidade máxima do futebol brasileiro chegou e, a partir daí, Luiz começou a apitar partidas oficiais de campeonatos brasileiros.

Questionado pela EB sobre o maior incentivador da carreira de árbitro, a resposta não poderia ser outra: o irmão Muller Aniceto. “Tudo na minha vida sempre tive o apoio da minha família e, com certeza, meu maior incentivador na arbitragem foi, e é meu irmão”, garante.

Luiz Paulo Aniceto é árbitro candango e apita partidas desde 2017 no quadro da CBF – Foto: Patricy Albuquerque/Agência EB

Mãe na arquibancada ouve tudo

Os torcedores sempre têm, com o sangue quente pelas derrotas do time ou pela má atuação do árbitro, o costume de proferir palavras de baixo calão em direção à mãe do profissional. Luiz conta uma história em que a mãe, dona Iva Aniceto, acompanhou tudo presencialmente.

“Ela estava na arquibancada em um jogo do campeonato feminino e os torcedores o tempo todo me xingando. Até o momento que teve uma menina que reconheceu ela e falou: ‘pessoal, vocês estão xingando a mãe do Luiz. Olha ela ali escutando tudo’! Depois disso, nunca mais ela gostou de ir nos meus jogos. E um dos maiores motivos era a falta de respeito, além dos palavrões que existem na beira do campo. A pior parte é que ela sofre duas vezes: uma por mim e outra pelo meu irmão. Ser mãe de um árbitro já é difícil; imagine de dois”, conta Luiz.

Sonho de chegar na FIFA e mais respeito

Luiz, que é casado com Thays Velozo e é pai de dois filhos, Dericky e Davi, almeja continuar crescendo na carreira e, quem sabe, chegar ao mais alto posto de um árbitro de futebol: o quadro da FIFA.

“Como todo árbitro, tenho o sonho que crescer na CBF, trabalhar em todas as séries e, se Deus quiser, um dia, chegar ao quadro da FIFA. O que eu pediria para todos os árbitros seria mais respeito e, principalmente, mais valorização. É uma sensação incrível apitar uma final, independente da categoria. É muito bom”, finaliza.

Luiz se prepara para apitar mais uma partida do futebol brasileiro nos próximos dias. Ele vai apitar, no próximo dia 19 de setembro, o jogo entre Rio Branco/AC e Independente/PA, válido pela primeira rodada do Brasileirão Série D.

Rener Lopes é jornalista formado pela UCB. Atua na mídia esportiva desde 2006, com passagens por sete rádios, como narrador, apresentador e setorista. Tem no currículo três olimpíadas (Atenas 2004, Londres 2012 e Rio 2016), três Copas do Mundo (Brasil 2014, Rússia 2018 e Qatar 2022) e duas Copas América (Brasil 2019 e 2021).

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